Por que Omar Aziz não prende ninguém na CPI

 

Senador Omar Aziz
Omar Aziz, presidente da CPI da Covid. Pedro França/Getty Images

Na CPI da Covid, todo mundo dá voz de prisão para todo mundo. Mas o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) está sempre fazendo o papel de conciliador e evitando que as prisões aconteçam. Para justificar sua postura, Omar usa diversos argumentos.

Nesta quinta, 1, por exemplo, afirmou que não prenderia o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira por causa da família do depoente. “Não irei lhe prender porque imagino suas filhas e filhos, sua esposa lhe vendo nesse momento. Aquilo que a gente não quer para a gente, a gente não deseja para os outros”, disse Omar ao recusar o pedido de prisão feito pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que acusou Dominguetti de falso testemunho.

No dia anterior, outro pedido de prisão. Dessa vez, o senador Otto Alencar (PSD-BA) discutiu com Alberto Toron, advogado do empresário Carlos Wizard, e chegou a dizer que chamaria a Polícia Legislativa para prender o profissional do direito Enquanto presidia temporariamente a CPI, Otto se irritou com a decisão de Wizard de permanecer em silêncio.

De forma irônica, disse que o empresário “amarelou”, mas o advogado estava “corado”. Toron tentou responder, foi interrompido e chamou a atitude de Otto Alencar de covardia. “Não pode me chamar de covarde aqui não. Eu mando lhe retirar daqui. Polícia Legislativa para tirar esse senhor daqui. Tira agora. Ou senhor pede desculpa ou lhe tiro agora”, alertou Alencar, que insistia em chamar o conhecido advogado de Zacarias, o segundo nome que ele não usa profissionalmente.

Em outro momento da CPI, nem mesmo as mentiras descaradas do ex-secretário de comunicação do governo Fábio Wajngarten foram suficientes para que Aziz usasse a força da CPI e pedisse a prisão do depoente.

No ouvir o depoimento de Wajngarten, o relator da CPI, senador Renan Calheiros pediu a prisão do ex-secretário. Ao recusar o pedido, Omar Aziz afirmou que não deixaria a CPI perder a credibilidade. “Nós temos que ter muita cautela para que não pareça que aqui nós somos um tribunal que está ouvindo e condenando. Não é impondo a prisão de alguém que a CPI vai dar resultado”, disse Aziz.

Mesmo com a preocupação do presidente, a CPI já perdeu muita credibilidade com tantos pedidos de prisão não realizados. Banalizou-se. A bagunça instalada acaba obrigando Omar Aziz a agir com cautela. A CPI tem esse poder, e as testemunhas prometem dizer a verdade e têm mentido muito. Porém não pode mesmo virar um tribunal justiceiro.

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