As redes sociais, a violência e a política.

 

Uma das características marcantes das redes sociais é a comunicação direta e improvisada de tal modo que os usuários tendem a escrever sem pensar nas consequências, semelhante ao “falei sem pensar”. Logo, o “publiquei sem pensar” tem sido recorrente e suas consequências assumem gravidade em razão do alcance.

O “publiquei sem pensar” tem virado notícia pelas mensagens ásperas, sujas e muitas vezes com ódio. Não é incomum usuários se sentirem ultrajados e exigirem algum controle. O argumento é que a violência seria incitada, como se uma mensagem de conteúdo violento provocasse uma correspondente violência física. E seu uso na política é uma realidade, o que gera a pergunta: a política tem se tornado mais violenta por causa das redes sociais? 

A política expressa um desejo humano de resolver pacificamente as diferenças de entendimento sobre qualquer questão que se torne socialmente relevante. Porque a alternativa seria o uso da violência para acabar com a discordância. Desse modo, política é a contenção do uso da violência física na sociedade. Quanto mais uma coletividade investir na política, mais civilizada ela será, pois estará evitando o uso da violência física como meio de convencimento. Ou seja, uma civilização se constrói pela política. 

E como essa definição de política se aplica nas redes sociais? Fundamentalmente, ao considerar que uma pessoa, ao se expressar de modo improvisado e agressivo, o faz mais para extravasar uma raiva acumulada por determinado assunto do que para incitar a violência. O conteúdo mal pensado teria mais o efeito de evitar uma agressão física que provocá-la.

Por tudo isso, o uso político mais frequente das redes sociais vai colocar em primeiro plano a violência que perpassa e se manifesta nas relações sociais. Não é possível se esperar que a linguagem das redes sociais poderá de imediato ser menos violenta, pois uma de suas funções é exatamente a de servir de catarse das frustrações e raivas acumuladas na vida de qualquer pessoa. Ao mesmo tempo, o uso mais frequente das redes sociais promoverá uma etiqueta auto regulamentada do seu uso, estimulando que seu conteúdo seja menos carregado de mensagens beligerantes, com os participantes extravasando suas raivas e frustrações de modo mais refletido e conseguindo, ao mesmo tempo, duas coisas fundamentais: descarregar suas fortes emoções e usar as redes sociais como meio de colocar adequadamente suas queixas sobre determinado assunto.

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