Putin diz que países que abrigarem mísseis dos EUA serão alvo da Rússia

Ameaça vem após Trump anunciar que EUA sairão de acordo de 1987 para controle de armas nucleares




O presidente russo Vladimir Putin disse nesta quarta-feira (24) que, caso os Estados Unidos passem a manter mísseis de médio alcance na Europa, a Rússia terá como alvo as nações que hospedarem os mísseis.

A ameaça vem depois do anúncio pelo presidente americano Donald Trump no sábado (20) de que ele pretende tirar seu país de um acordo de 1987 para o controle de armas nucleares. Trump afirma que a Rússia violou o acordo.

O Tratado de Forças Nucleares de Médio Alcance (INF, na sigla em inglês), negociado em 1987 pelo então presidente americano Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbatchov, suprime o uso de toda uma série de mísseis com alcance entre 500 e 5.000 km, capazes de atingir a Europa ou o Alasca.

Putin disse que espera que os EUA não posicionem mísseis de médio alcance, que eram banidos pelo acordo, na Europa, já que isso repetiria a situação dos anos 1980, durante a Guerra Fria, quando União soviética e EUA tinham esse tipo de arma no continente.

"Se [essas armas] forem colocadas na Europa, naturalmente responderemos na mesma moeda", disse Putin em entrevista coletiva depois de se encontrar com o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, em Moscou. "As nações europeias que concordarem com isso devem entender que vão expor seu território à ameaça de um ataque retaliatório. Isso são coisas óbvias. Não entendo porque deveríamos colocar a Europa em tamanho perigo."

"Não vejo razão para isso. Gostaria de repetir que não é nossa escolha. Não queremos isso", disse o líder russo.

O secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Jens Stoltenberg, disse também nesta quarta que os membros da organização culpam a Rússia por desenvolver um novo míssil que viola os termos do INF, mas afirmou que não espera que os países-membros da Otan aumentem seus arsenais nucleares na Europa em resposta a isso.

Putin voltou a negar que a Rússia tenha violado os termos do INF e disse que foram os EUA quem o fizeram. Ele afirmou que instalações militares dos EUA na Romênia têm mísseis capazes de operação de médio alcance caso seja feita uma pequena alteração de software.

Por fim, o presidente russo disse que espera discutir a questão com Trump em Paris no próximo dia 11 de novembro, quando os dois participarão de eventos para comemorar os cem anos do fim da 1ª Guerra Mundial.

O governo Trump afirma que vai sair do pacto também porque a China não é signatária dele e detém o tipo de míssil banido. O assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, passou dois dias em Moscou nesta semana e discutiu a questão do INF com Putin e assessores. Bolton afirmou que os EUA não avisaram formalmente a Rússia da retirada do acordo, mas disse não acreditar que seja possível salvá-lo.

Postar um comentário

0 Comentários