Olá a todos, A da
Editora do Blog a Dra Verônica.com pediu para me escrever um texto falando um pouco de
como é viver um ano fora de Marcelino Vieira e do Brasil, pegando o embalo, eu resolvi escrever uma série de textos, que vou postando quando der, espero que esses textos
ajudem a mudar um pouco o nosso pensamento a respeito a viajar para fora do
país e essa coisa de que estudar no exterior hoje é um sonho impossível.
Aos interessados em
Participar do programa Ciências sem Fronteiras e saber com todos os detalhes
como foi que eu consegui a bolsa e um pouco da minha vida, eu escrevi uma
espécie de diário onde narro todas as minhas alegrias e preocupações desde o
dia da inscrição até um dia antes de viajar para a Europa: http://www.circulodefogo.net/p/desafio-italia-olhe-aqui-mae.html
A
chegada
Em Agosto do ano
passado saí do Brasil deixando toda a minha vida para trás para construir uma
nova aqui na itália, só que dessa vez, sozinho.
No inicio, não falava
quase nada de italiano, fazer compras era uma tarefa complicada, primeiro porque eu tinha
19 anos e poucas vezes fiz as compras de casa, e na Itália, com os nomes dos
produtos em italiano, em um supermercado gigantesco, era uma missão
praticamente impossível encontrar por exemplo, uma “Manteiga” num lugar desses,
sem nunca imaginar que isso se chamaria “burro” em italiano. Se fazer compras
foi complicado, imagina cozinhar. Quantas vezes queimei a comida, fiz o alarme
de incêndio do condomínio disparar, tive uns dias difíceis mais muito
engraçado, sempre levei tudo na brincadeira minhas dificuldades se resolveram
assim na brincadeira. Um mês depois começaram as aulas na Universidade de Roma
“Tor Vergata” uma das maiores universidades da Itália aqui vai:
A Universidade em números a.a.
2012-2013
- 40.000 estudantes (incluindo os de pós)
- 1441 docentes (incluindo os pesquisadores)
- 1021 técnicos e administrativos
- 600 hectares de campus universitário
- 6 Faculdades (Economia, Direito, Engenharia, Letras, Medicina, Ciências)
- 114 cursos de graduação (triennale, magistrale, ciclo unico)
- 144 Cursos de aperfeiçoamento e master
- 41 Escolas de Especialização
- 300 prêmios de estudos "Raeli" de 5000 euros para os melhores graduados
- 19 departamentos
- 31 cursos de doutorado
- 330 bolsas de pesquisa por ano
- 6 bibliotecas
- 1000 estágios oferecidos anualmente
- 475 colaborações de estudantes
- 554 bolsas de estudos Eramus a cada ano
- 75 bolsas Leonardo
E recentemente as
bolsas Ciências sem Fronteiras, do Brasil. Atualmente estão mais de 25 alunos
de graduação na Tor Vergata pelo programa CsF e eu sou o primeiro de Marcelino
Vieira, em agosto vamos receber mais um vieirense!
Roubado
e sem nada na Europa
Uma curiosidade é que a
cidade não é violenta, mas existem alguns ladrões nos esperando principalmente
no metrô. Em Janeiro deste ano fui roubado lá, o ladrão puxou minha carteira de
dentro do meu bolso e levou tudo que eu tinha... Isso mesmo! Todos os meus
documentos, cartões de crédito do Brasil e do Exterior tudo, eu estava chegando
de uma viagem e levava tudo comigo, e uso muito pouco dinheiro em papel o que é
a sorte. Na hora que ele puxou a carteira e saiu do metro eu também saí, um
pouco desesperado, não deu para reconhecer ninguém, tentei achar um motivo pra
rir disso, não consegui, mas também mantive a calma, fui na policia fazer o
B.O. bloqueei todos os meus cartões, meu amigo Railson Fonseca estava no metro
percebeu que eu tinha decido e voltou para me buscar lá na policia porque eu
estava sem dinheiro até para comprar um novo bilhete. Voltei para casa, ri um
pouco disso e fui dormir, eu tinha todos os motivos do mundo para passar noites
acordadas e me preocupar, mas não, por mais que eu tivesse sem nada em um país
que não era o meu, eu só me preocupava em como contar isso para minha família
sem deixa-los preocupados também, mas deitei, estava cansado e dormi no outro
dia fui resolver isso, deu tudo certo, apesar de passar um mês sem nenhum
centavo consegui sobreviver graças a meu colega Railson que me emprestou uma
boa grana e falei rindo para minha família, que fui roubado, mas fui roubado na
Europa.
Agora
E Hoje contando as
horas para voltar ao Brasil e graças aos meus esforços e a Universidade de Roma,
consegui um estágio nos laboratórios de pesquisa da ENEA, maior empresa de
Energias da Itália, sou o primeiro Brasileiro a entrar nessa empresa e acredito
que o mais jovem cientista lá dentro, todos ainda me olham estranho, achando
que estou perdido alí, inclusive o motorista do ônibus da empresa que sempre
que vou entrar ele me avisa que “aquele ônibus vai para a ENEA” Eu fico rindo e
respondo que é pra lá mesmo que eu vou. Meu grupo de pesquisa está trabalhando
em um projeto financiado pelo governo italiano onde analisamos a água do mar do
litoral italiano.
Por fim,
Gostaria de agradecer a
minha família, a todos os meus amigos que tornaram esse sonho muito mais
divertido, principalmente a Railson Fonseca, Estela Freitas e Marlizia Oliveira
que me ajudaram muito aqui. Ao IFRN principalmente a galera do campus Pau dos
Ferros, a Universidade de Roma “Tor Vergata” e aos amigos da ENEA a empresa
mais legal do mundo.
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